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A TV virou um freak show

O concurso de Fernando Rocha é o delírio final de quem não sabe o que fazer para conseguir audiências. É uma espécie de ‘Chiquititas’ disfarçadas de vilão mexicano que tenta tirar o ouro a Fernando Mendes. Só dá vontade de rir. Para não chorar.

14 de setembro de 2007 às 00:00

A luta pelas audiências está a levar a extremos ridículos. No caso da SIC, a necessidade de reposicionamento face ao rolo compressor das telenovelas da TVI (veja-se ‘Chiquititas’), a programação vira a artilharia contra a RTP. A concorrência poderia ser salutar, mas no caso de ‘A Ganhar é que a Gente se Entende’, a estratégia é a de querer esmagar um elefante com uma pulga amestrada.

Há muito que, sabe-se lá porquê, Fernando Mendes é o mestre de um concurso que nada acrescenta à felicidade ou cultura geral dos espectadores. Excepto à dos que lá vão ganhar dinheiro. O caso não era grave, se a SIC, dentro da estratégia ‘Chiquititas’ a que está a aderir (interessa é ter ‘povo’ a ver programas com muitas cores berrantes e com apresentadores e actores saídos de um ‘freak show’), não achasse que Fernando Mendes era o alvo mais fácil a abater.

Se melhor pensou, pior foi o resultado. Foi repescar um conhecido contador de anedotas que resvalavam entre a obscenidade e a falta de humor, para apresentar um concurso ‘de sucesso’. A culpa não é de Fernando Rocha (pagam-lhe e ele faz o que lhe pedem…), mas sim do ‘conceito’ do programa. É um verdadeiro atentado à inteligência dos espectadores. É uma palhaçada em forma de concurso.

Para lá de tudo aquilo parecer o cenário de um filme pobre passado na fronteira do México e dos EUA no fim do século XIX, de concursos idiotas (como é que as pessoas se sujeitam a ficar numa roda?), há as inevitáveis frases ‘malandras’ de Rocha e as esbeltas raparigas que se passeiam pelo palco. A começar pela jovem que vem ‘limpar’ o sítio, e que merece comentários de Rocha do estilo: ‘no meu camarim também há algo para limpar’. E a terminar no apresentador com bigode e chapéu à ‘Pancho Villa’.

Compreendo que a SIC necessite de audiências como de pão para a boca. E que a RTP pareça ser o elo mais fraco onde se podem ir buscar umas migalhas. Mas utilizar como aríetes de uma nova programação da SIC, uma telenovela para crianças que passa à noite, um concurso com Bárbara Guimarães que é a centésima vez em que se vai descobrir os talentos escondidos e um concurso que estaria melhor na SIC Radical (porque aí os disparates até podem ser ‘arte’…), prova que algo vai mal no ‘núcleo central’ de quem programa em Carnaxide. A menos que esta seja uma estratégia de génio e um dia destes os grandes vencedores da batalha das audiências sejam ‘Fernando Rocha e as 40 Chiquititas’!

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