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Rapper não bebeu nem passou pelo auto-stop

Investigação diz que ‘MC Snake’, músico morto a tiro durante perseguição policial, inverteu marcha a cerca de 100 metros da operação da PSP.

26 de abril de 2010 às 00:30

O rapper ‘MC Snake’, Nuno Rodrigues, não bebeu nem consumiu droga na madrugada em que foi perseguido e morto a tiro por um agente da PSP, junto à Radial de Benfica, Lisboa, ao volante do Lancia Y10 da mãe. A conclusão é do Instituto de Medicina Legal, na autópsia cujo relatório já foi entregue ao Departamento de Investigação e Acção Penal. E a investigação tem mais uma resposta sobre o incidente: ‘MC Snake’ não foi mandado parar na operação stop da PSP junto às Docas de Santo Amaro, porque nem sequer passou por ela.

Segundo testemunhos, o cantor de 30 anos, que jantara com o irmão e passara parte da madrugada de 15 de Março com amigos numa discoteca, terá sido visto pela PSP, a uma distância inferior a cem metros da operação stop, a inverter a marcha no viaduto à saída das Docas: é transgressão, mas o tracejado contínuo está apagado.

Voltou até à rotunda das Docas, entrando depois na avenida de Brasília, até Algés, com uma carrinha da Equipa de Intervenção Rápida sempre atrás. Levavam o pirilampo ligado, mas não o mandaram parar. Perderam-no e voltaram a cruzar-se já na Radial de Benfica. Aí, ‘MC Snake’ tentou fugir e morreu com um tiro nas costas.

PORMENORES

DIAP E IGAI INVESTIGAM

A investigação criminal é coordenada pelo DIAP de Lisboa e a Inspecção Geral da Administração Interna também apura responsabilidades no âmbito de processos disciplinares.

DIZ QUE NUNCA DISPAROU

O agente Moreira diz que nunca tinha disparado com uma pistola Walther 9 mm antes da perseguição ao músico de Chelas.

DOCUMENTOS EM ORDEM

‘MC Snake’ tinha carta de condução e os documentos do Y10 da mãe estavam todos em dia. 

MORTE DE NUNO GEROU REVOLTA DOS BAIRROS

A morte de ‘MC Snake’, na madrugada de 15 de Março, despoletou desde logo uma onda de revolta no seio em alguns bairros de Lisboa e Margem Sul. Nuno Rodrigues, de 30 anos, era conhecido principalmente em Chelas, local onde vivia com a mãe. Aos 18 anos cumpriu uma pena de prisão por tráfico de droga. Ultimamente trabalhava como músico com Sam the Kid e ia lançar um disco a solo já este ano. Deixou órfã uma menina de dois anos. O medo de represálias contra os agentes fez com que a PSP reforçasse a esquadra local e toda a zona de Chelas com mais polícias, a maior parte dos quais à civil. As mensagens que passavam de telemóvel em telemóvel ilustravam bem as ameaças de tumultos. 'Se a polícia continuar a falar mal do ‘Snake’ vai sentir o peso dos bairros', disseram amigos da vítima.

POLÍCIA FOI TRANSFERIDO PARA O PORTO E ESTÁ OPERACIONAL

O agente da PSP que matou a tiro o rapper Nuno Miguel Rodrigues, mais conhecido por ‘MC Snake’, já está ao serviço, mas pelo menos durante meio ano não regressa a Lisboa. Foi transferido a título excepcional para uma esquadra do comando do Porto. Recorde-se que o agente M., de 27 anos, integrava uma Equipa de Intervenção Rápida (EIR) da 4ª divisão, no Calvário. Esta transferência, passível de ser revogada por mais seis meses, teve como intuito a salvaguarda da segurança do polícia e ainda para garantir o apoio da família. O agente M. está ainda a receber apoio psicológico. De referir que o polícia sempre manteve a mesma arma – até quando esteve de baixa. O relatório médico não incluiu a necessidade da retirada da pistola.

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