Na papelaria, Irene pede uma “raspadinha”. Usa a unha com frenesim. Pouca sorte. É uma mulher de idade, com resquícios de antiga beleza. Faz parte dos mais de 100 mil portugueses com sintomas de vício nas “raspadinhas”: depressão, ansiedade e stress. Tremelicante, solta murmúrio. “Dantes, o jogo era para ajudar os pobres! Agora, andam aí é a ver se descobrem as vigarices na Santa Casa!” E recorda os tempos áureos do Totobola, o primeiro jogo social da Santa Casa. “Ai! O meu defunto marido era viciado!” No primeiro sorteio, Setembro de 1961, ninguém faz “treze”. Benfica vence o Leixões, Sporting empata com o Lusitano de Évora, FC Porto empata com o Beira-Mar. No ano seguinte, o primeiro milionário: Augusto gasta 3 escudos e ganha 1300 contos, uma fortuna. A popularidade do jogo inspira Sérgio Godinho “És um 13 no Totobola!” Mudam-se tempos e vícios, outros jogos destronam o vetusto Totobola. Parte dos milhões dos proventos dos jogos da Santa Casa destina-se a apoios sociais a pobres e desvalidos. A Santa Casa movimenta mais verbas que alguns ministérios, aguça apetites inconfessáveis e provoca descarados vícios.
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